*Texto publicado na revista Música do Planeta Terra, 1976.
Jorge Dias Salomão 3/11/1946 Jequié, BA Poeta. Compositor. Diretor de teatro. Irmão de Waly Salomão.
Estudou Ciências Sociais e Filosofia em Salvador, e ainda Teatro (direção), com Luiz Carlos Maciel, na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia.
O ano era o de 1984 e Bob Geldof, então líder do grupo punk The Boomtown Rats assistindo a um documetário na BBC sobre a devastação e fome na Etiópia, uma das nações africanas mais pobres à época, vinda de terríveis e sucessivas guerras internas teve a ideia de reunir músicos famosos, antigos e novos, para criar algo que chamasse à atenção da mídia e consequentemente pudesse arrecadar alimentos e dinheiro em pról daquele povo faminto.Imediatamente chamou o seu amigo Midge Ure, líder do moderno grupo Ultravox e começaram a esboçar o projeto. Depois de pensar decidiram que lançando uma canção reunindo diversos idolos seria uma maneira rápida e prática na tentativa de seus objetivos.
Canção pronta contataram o produtor Trevor Horn, "instant darling" da mídia e músicos naquele momento, verdadeiro mago dos estúdios que aceitou a empreitada. Convites feitos aos músicos, agendas acertadas e uma enorme trupe de baluartes do pop, apelidada de "Band Aid", entram em estúdio no dia 25 de novembro de 1984 e gravam em um só dia o que viria a se tornar um fenômeno de vendas e execuções em rádios, a linda "Do They Know It's Christmas?". Lançada em 15 de dezembro, nos formatos single de 7¨ e 12¨, alcançou o 1º lugar no Reino Unido daquele mesmo dia de dezembro vendendo 3.000.000 de cópias e duas semanas depois atingindo o 1º lugar nos Estados Unidos. Este single tornou-se o mais vendido da história fonográfica inglesa desbancando "Bohemian Rapsody" do grupo Queen instalado nessa posição desde seu lançamento em novembro de 1975.
Com mensagem simples, mais bem construída, sua letra nos encanta quanto a alertar sobre a dicotomia da fartura das mesas no Natal e a fome que assola povos e nações nos estertores do planeta Terra.
O imenso sucesso gerou a fundação de caridade "Band Aid Trust"e a realização em 13 de julho de 1985 do mega concerto "Live Aid".
Em cada ilha, em cada lugar de montanhas, cerrado e chapadão onde o negro trabalhou suando a terra, brotou de novo a semente do raio de Xangô. Assim nasceram o mambo, a rumba, a cumbia, o rock, o reggae, o blues, o samba, o jazz, o candomblé. O maracatu mais a explosão da contracultura da década de 60. Isto é soul. Soul é uma brasa, mora. E como brasa esquentou todas as comunidades negras around the world.
Júlio Barroso.
Fragmento de texto da revista Música do Planeta Terra, 1976.
Poeta inglês, nascido em Londres, de formação católica e posteriormente anglicana, John Donne viveu e representou em seu estilo o maneirismo vigente à época-ponte entre a extinta renascença e a nova ortodoxia na forma do barroco-utilizando-se em suas obras-poesias e poemas-teatralidade, movimento, linguagem coloquial e direta cheia de ironia, trocadilho, paradoxo, sensualidade, de predominância de palavras monossilábicas, poucos adjetivos, de métrica não convencional e qualidades sonoras (rimas, assonâncias, aliterações).
Quando vivo sua obra circulou apenas em manuscritos fazendo um relativo sucesso, e vindos a se tornarem públicos em 1633, dois anos após a sua morte.
Após esse período por quase 300 anos a obra de John Donne só foi reeditada em 1912 graças ao trabalho de H. J. C. Grierson e indubitavelmente pelo interesse do grande poeta T. S. Eliot, se dizendo fascinado e influenciado por seu estilo.
No Brasil, nos anos 70, o poeta concretista, escritor e ensaísta Augusto de Campos nos brindou com a obra de Donne ao se dedicar a traduzir sua obra de forma moderna e magistral.
Essa tradução inspirou de imediato o músico, cantor e compositor Péricles Cavalcanti-músico de estúdio de Gilberto Gil no início dos 70, compositor de músicas gravadas por Gal Costa em 1974, parceiro de Caetano Veloso na versão de "It's All Over Now, Baby Blue" de Bob Dylan, gravada por Gal Costa em 1977-a musicar um trecho de "Das ELEGIAS" Elegia XIX Indo para a Cama" e apresentar a Caetano Veloso para que o mesmo a incluísse em seu próximo disco, em vias de ser gravado, chamado "Cinema Transcendental".Essa gravação em um disco o qual tornou-se muito executado nas rádios AMs e FMs na época fez com que muitos fãs de Caetano Veloso e de boa poesia descobrissem a arte de John Donne.
Eu fui um desses à época que ficou extasiado com a poesia de John Donne, lhe conferindo o título de autor, na literatura, da "mais linda homenagem jamais feita por um homem à mulher amada".
Cabe agora a vocês lerem o original e a tradução livre feita por Austo de Campos, e ouvir a canção de Péricles Cavalcanti interpretada magistralmente por Caetano Veloso.
AC Ribeiro Jr.
ELEGY: GOING TO BED
Come, Madam, come, all rest my powers defy;
Until I labour, I in labour lie.
The foe ofttimes, having the foe in sight,
Is tired with standing, though he never fight.
Off with that girdle, like heaven's zone glittering,