quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

VIDA LONGA, ELIS!









Na manhã do dia 19 de janeiro de 1982, fomos surpreendidos com a triste notícia na qual dizia que a maior cantora brasileira de todos os tempos e uma das maiores da história musical mundial, Elis Regina Carvalho Costa, havia nos deixado precocemente, aos 36 anos de idade. Foi um "baque"! Chocou a nação. Foi difícil de assimilar...
Dotada de uma técnica perfeita no cantar e uma capacidade de interpretação rara em seus pares desde a sua descoberta, aos 15 anos, por um vendedor de discos da gravadora Continental, chegando à mesma, em seguida, para gravar 03 discos, passando pelo famoso "Beco das Garrafas" o "antro" da "Bossa Nova" e do "Samba Jazz" no Rio de Janeiro, indo "estourar" na idade de ouro dos grandes festivais na TV Record em São Paulo, dividindo um programa de enorme sucesso o "Dois na Bossa" com o talentoso Jair Rodrigues, tendo feito alguns programas na TV Globo no inicio dos anos 70, tours internacionais, shows memoráveis tais como "Falso Brilhante" em 1976, assistido por mais de 260 mil pessoas com aproximadamente 300 espetáculos, os políticos "Transversal do Tempo" em 1978 e "Saudade do Brasil" em 1980 e o seu último show "Trem Azul" de 1981, Elis arrebatou ao longo de seus quase 20 anos de carreira uma gama de fãs oriundos das mais variadas faixas etárias, dos mais variados gostos musicais e classes sociais. Ficou famosa também por possui raro talento para descobrir novos compositores. De suas descobertas lembramos alguns tornados sucesso nacional logo após terem sido gravados pela cantora, tais como: Ivan Lins, Zé Rodrix, Milton Nascimento, Tim Maia, João Bosco, Sueli Costa, Renato Teixeira, Thomas Roth e letristas como Victor Martins e Aldir Blanc.
No inicio dos anos anos 80 estava começando a colher frutos internacionais como consequencia de sua transferência em 1978 para a gravadora WEA e suas apresentações no ano seguinte na tão famosa "Brazil Night" do 13º Montreux Jazz Festival, na Suíça, e na noite "Brazil" do não menos famoso "Live Under The Sky", no Japão, juntamente com o genial Hermeto Pascoal.
O vídeo o qual ilustra essa data mostra a forma retumbante, passional, carregada de dor com que Elis interpretava as canções, fazendo delas a forma de contar, de mostrar, de suplicar e expurgar o que essa brilhante cantora passava e sentia em sua vida privada. Vale lembrar ainda com que  intensidade ela se apodera da espetacular letra de Chico Buarque nos levando juntos à sua dor e ao 
rio de lágrimas. Vida longa, Elis!


AC Ribeiro Jr.




ATRÁS DA PORTA
(Chico Buarque - Francis Hime)


Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus

Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei
Sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito (Nos teus pelos)*
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho


Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Só pra provar que ainda sou tua...


* verso original vetado pela censura









A ALMA NEGRA DE JANIS JOPLIN








Em 19 de janeiro de 1943, em Port Arthur, Texas, Estados Unidos, nascia o que viria a se tornar uma das maiores intérpretes de "blues" do planeta, Janis Jyn Joplin. Iniciou cantando no circuito universitário de folk e blues em Austin, capital do Texas quando começou a frequentar a Universidade e em 1963 mudou-se para São Francisco onde inicia carreira como cantora folk. Com o aumento do uso de drogas na região Janis torna-se uma potencial consumidora vindo a abandonar a carreira e voltar para Port Arthur para o inicio de uma reabilitação. Sabedora do crescente movimento hippie retorna à Frisco juntando-se a um grupo de músicos de relativo sucesso na cidade, o Big Brother & Holding Company. Gravando para uma pequena gravadora local e sem o seu nome em destaque ainda, foi a partir de 1967, apresentando-se no mais brilhante festival já realizado na área do rock, o Monterey Pop Festival, que Janis Joplin foi descoberta pelo mundo da música com a sua fantástica interpretação de um antigo blues, "Ball & Chain". Sua performance desse maravilhoso blues mostrando a sua total entrega à canção e seus belos versos, seus gritos guturais, suas expressões faciais e corporais ficaram eternizadas para sempre pelo cineasta D.A.Pennebaker no maravilhoso filme sobre o festival. Assim como vemos no filme a saudosa Mama Cass, do grupo Mamas & Papas, boqueaberta e estupefata pelo que via à sua frente, muitos dos que a assistiram nos cinemas à época e ouviram os seus primeiros dois discos  não acreditavam vir de uma "branquela texana" aquela potente voz negra a despejar "feeling".
Esse blues e a insuperável performance de Janis influenciaram a composição "Since I've Been Loving You" dos monstros sagrados do heavy metal, Led Zeppelin. A composição e a performance em palco de seu fabuloso vocalista "Robert Plant" foram totalmente calcadas na apresentação da Janis Joplin no Monterey Pop Festival como pode-se atestar assistindo o filme/concerto "Songs Remains The Same".  
E é justamente o vídeo dessa apresentação que está aqui para ilustrar essa data. 
A partir desse festival a história da ascensão e queda de sua carreira será tema para uma futura conversa.
Parabéns, Janis!


AC Ribeiro Jr.


BALL & CHAIN


S-sitting down by my window,
Oh, looking at the rain.
S-sitting down by my window now now,
All around I felt it,
All I could see was the rain.
Something grabbed a hold of me, honey,
Felt to me honey like, lord, a ball and chain.
Yeah! hey! you know what I mean,
But it's way too heavy for you,
You can't hold it tomorrow.

Say, whoa, whoa, honey, it can't be
Just because I got to want your love
Please please please please, whoa please, please.
Whoa, honey it can't be
Just because I got to need you daddy.
Please don't you let me down, no, please, lord!
Here you gone today, but I wanted to love you,
I wanted to hold you, yeah, till the day I die,
Till the day, till the day,
Yeah! hey! hey! all right!

Say, whoa, whoa, honey this can't be
Not anything I ever wanted from you daddy
Tell me now, now, now, now, oh, tell me now, yeah.
I say, whoa, whoa, honey this can't be
No, no, no, no, no, no, no ... yeah yeah, hey!
And I want someone that could tell me, tell me why
Just because I got to want your love
Honey, just because I got to need, need, need your love
I said I don't understand, honey, but I wanna chance to try
Try, try, try, try try try try
Honey when everybody in the world wants the same damn thing
When everybody in the world will need the same lonely thing
When I wanna work for your love, daddy.
When I wanna try for your love, daddy.

I don't understand how come you're gone, man. I don't understand why half the world is still crying, man, when the other half of the world is still crying too, man, I can't get it together. i
If you got a cat for one day, man I mean, if you, say, say, if you want a cat for 365 days, right you aint got him for 365 days, you got him for one day, man. well I tell you that one da
N, better be your life, man. because, you know, you can say, oh man, you can cry about the other 364, man, but you're gonna lose that one day, man, and that's all youve got. you gotta call that
, man. that's what it is, man. if you got it today you don't want it tomorrow, man, cause you don't need it, cause as a matter of fact, as we discovered in the train, tomorrow never happens, m
Ts all the same fucking day, man.

So you gotta, when you wanna hold a sigh,
You gotta hold him like it's the last minute in your life, baby.
You gotta hold, whoa, whoa, hold him
Cause someday some weights gonna come on your shoulders, babe,
Its gonna feel too heavy, it's gonna weigh on you,
Its gonna feel just like a ball, ball, ball, oh daddy,
And a chain.










segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O FUTURO AGORA




File:Peter Hammill The Future Now.jpg





Quando se inicia um ano, nos ritos comemorativos de passagem do Ano Velho para o Ano Novo, é comum as pessoas projetarem os seus sonhos, esperanças e desejos acreditando em dias melhores, em uma vida melhor. Aproveitando esse momento recente lembro aqui uma canção lançada em 1978, "The Future Now", em um lado B de um single chamado "If I Could", assinado pelo extraordinário compositor, músico, arranjador, produtor, letrista, cantor, bandleader Peter Hammill, onde percebe-se na linda letra a súplica por um futuro melhor e mais justo para o nosso planeta. Esse proeminente filho de irlandeses nascido na Escócia, estudante de Física, Química e Matemática ficou conhecido no final dos anos 60, principalmente no circuito universitário europeu, por inventar uma usina sonora, e de ideias, chamada "Van Der Graaf Generator". Foi cultuado nos primeiros anos da década de 70 pela aristocracia criadora/pensante musical inglesa-Robert Fripp, Peter Gabriel, David Bowie, Brian Eno e outros-mas não conseguiu atingir o grande público como seus contemporâneos adoradores o fizeram. Construiu, a partir de 1974, uma carreira solo paralela ao seu grupo com álbuns recheados de canções que ficariam quase mais famosas do que as do "Van Der Graaf Generator". Em 1977, após lançar dois álbuns com o VDGG encerra definitivamente as atividades do grupo e imediatamente vai aos estúdios para preparar o primeiro álbum solo após a dissolução, "The Future Now", contendo a linda canção homônima, em destaque. Vemos que, o grito quase desesperador por um futuro melhor contido na letra é atualíssimo, e poderia, sim, ter sido escrita agora, para os tempos os quais vivemos. Espero que desfrutem dessa linda mensagem: 

AC Ribeiro Jr.




The Future Now Lyric


Here we are, static in the latter half
of the twentieth century
but it might as well be the Middle Ages,
there'll have to be some changes
but how they'll come about foxes me.
I want the future now,
I want to hold it in my hands;
all men equal and unbowed,
I want the promised land.

But that doesn't seem to get any closer,
and Moses has had his day...
the tablets of law are an advertising poster,
civilisation here to stay
and this is progress?
...you must be joking!
Me, I'm looking for any kind of hope.
I want the future now,
I want to see it on the screen,
I want to break the bounds
that make our lives so mean.

Oh, blind, blinded, blinding hatred
of race, sex, religion, colour, country and creed,
these scream from the pages of everything I read.
You just bring me oppression and torture,
apartheid, corruption and plague;
you just bring me the rape of the planet
and joke world rights at the Hague.
Oh, someday the Millennium!
But how far is someday away?
I want the future now
I'm young, and it's my right.
I want a reason to be proud.
I want to see the light.
I want the future now,
I want to see it on the screen,
I want to break the bounds:
make life worth more than dreams.





The Future Now (tradução)


Aqui estamos nós estáticos na segunda metade do século vinte...
Mas, do mesmo modo, poderíamos estar na Idade Média,
tem de haver algumas mudanças
mas perturbo-me ao pensar em como elas virão.
Eu quero o futuro agora,
quero segurá-lo com minhas mãos;
todos os homens orgulhosos e iguais,
quero a Terra Prometida. 


Mas isso não parece chegar mais perto,
e Moisés teve o seu dia...
Tábuas da Lei são cartazes de publicidade;
a civilização veio pra ficar
e isto é progresso?
...você deve estar brincando!
Eu, estou à procura de algum tipo de esperança.
Eu quero o futuro agora,
quero vê-lo na tela,
quero quebrar as barreiras
que tornam a nossa vida tão má.


Oh, cego, cegos, ódio cego
entre raças, entre sexos, religiões, cores da pele, pátrias e credos,
esse grito nas páginas de tudo o que leio.
Só me traz opressão e tortura,
apartheid, corrupção, epidemias;
só me traz o estupro do planeta
e vocês brincam com os direitos do mundo no tribunal de Haia.
Oh, um dia desses, o Milênio!
o quão longe esse dia está?
Eu quero o futuro agora
sou jovem, e é meu direito exigir.
Quero ter uma razão de estar orgulhoso,
quero ver a luz.
Eu quero o futuro agora,
quero vê-lo na tela;
quero quebrar as nossas barreiras
e fazer com que a vida valha mais do que os sonhos.